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domingo, 30 de agosto de 2015

OS NOSSOS HÓSPEDES

OS NOSSOS HÓSPEDES


Ninguém, por certo, ignorará que, durante muito tempo, se fizeram grandes obras (edifícios públicos) com recurso à mão-de-obra prisional. É certo que muitos dirão: «Bom, mas isso era trabalho escravo!» Seria?! - Pergunto eu.
Os reclusos estavam ocupados, uns exercitavam as suas profissões outros aprendiam-nas e, quando recuperassem a liberdade, já disporiam de uma capacidade de trabalho susceptível de os integrar na comunidade.
Além disso, produziam riqueza que, no mínimo, compensaria os gastos que o erário público tinha de suportar para os manter no cumprimento das suas penas privativas de liberdade. Mas, hoje, a mão-de-obra prisional. bem ou mal, é remunerada. E essa remuneração pode e deve ser mais um dos recursos, neste caso, económico, para a reinserção do indivíduo quando vier a recuperar a sua liberdade. Como é sabido, a pena de prisão não visa apenas uma função punitiva do delinquente, mas antes e sobretudo uma função ressocializadora, o prepará-lo para uma sã convivência com o seu semelhante, para que não volte a prevaricar. 
Ora, é sabido que no actual regime penal português, até o trabalho a favor da comunidade, em ambiente não prisional, mas no cumprimento de uma pena por parte de qualquer indivíduo condenado é facultativo, não lhe podendo ser imposto contra a sua vontade. 
E, assim sendo, uma vez que compete ao Estado assegurar a defesa da comunidade, quando, para isso, tiver de restringir o direito à liberdade a qualquer indivíduo, obviamente que terá de lhe assegurar os meios de sobrevivência, seja num estabelecimento prisional, seja no seu próprio domicílio.
Ora, sabendo nós o quanto custa a "hospedagem" de um recluso aos contribuintes, contribuintes esses já de si suficientemente depauperados pela crescente sobrecarga de impostos e, porventura, até lesados pelo próprio "hóspede", seja no regime de prisão preventiva, seja em cumprimento de pena, não seria sensato que o mesmo fosse obrigado a trabalhar para compensar o que com ele se gasta? 
Como é sabido, "a ociosidade é a mãe de todos os vícios", e o trabalhar é uma virtude que todos deveríamos cultivar, mesmo aqueles que,pessoal e socialmente, se pretende reabilitar.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Lançamento do livro de poesia PARA LÁ DAS NUVENS HÁ LUAR


PARA LÁ DAS NUVENS HÁ LUAR

                 Decorreu no passado dia 30 de Maio, pelas 15 horas, no Palacete dos Viscondes de Balsemão, à Praça Carlos Alberto, na cidade do Porto, o lançamento do meu livro de poesia intitulado
                                                   PARA LÁ DAS NUVENS HÁ LUAR,
editado pela Mosaico de Palavras.

                 A minha gratidão a todos quantos colaboraram na organização do evento e nele de alguma forma participaram, contribuindo para que tivesse tido o sucesso que teve.

                 A todos os amigos que me honraram com a sua presença, o meu sentido abraço de carinho e enorme gratidão.










































































domingo, 24 de maio de 2015

CIDADE DE SÃO PEDRO DO SUL



CIDADE DE SÃO PEDRO DO SUL
(17-05-2015)





(Desculpai-me a imodéstia, mas considero este registo fabuloso!)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

PARA LÁ DAS NUVENS HÁ LUAR


PARA LÁ DAS NUVENS HÁ LUAR


EIS O MEU SEGUNDO FILHO LITERÁRIO, PRODUTO DE UMA LONGA GESTAÇÃO.

Espero que gostem.




terça-feira, 12 de maio de 2015

CORES, AROMAS, SONS E SABORES

CORES, AROMAS, SONS E SABORES



Chegou o mês de Maio e com ele o colorido das giestas amarelas, também conhecidas por “maias” e seu aroma típico, despontando aqui e além, bordejando e colorindo as rodovias, aqui mesmo, nos arredores da capital do norte, para onde me mudei de armas e bagagens, e por cá fiquei, há cerca de quatro décadas, proveniente do belíssimo recanto lafonense, o não menos belo e multifacetado concelho de São Pedro do Sul.

E só isto, de per si, já constituiria motivo mais do que suficiente para uma fuga ao bulício da cidade e procurar refrigério na paz da montanha, no sampedrense maciço montanhoso da serra da Gralheira, uma das que serviram de guardas ao meu berço, a par das da Lapa e do Caramulo, onde, por esta altura, a natureza se esmera obsequiando-nos com uma deliciosa ementa de cores, aromas e sons, servida com todo o requinte, numa toalha multicolor que se estende por quilómetros e quilómetros, a perder de vista.

Recantos e encantos que as selvas de betão em que as cidades se tornaram não comportam. Tudo natural, tudo belo, tudo maravilhoso!
 
Aqui, na cidade, não faltam gaivotas, pardais, rolas domésticas, andorinhas… mas faltam-me as rolas bravas, o cuco, o cantar do grilo, o coaxar das rãs, o zumbido das abelhas, o céu estrelado, o par do mocho, à noite… Sons da infância que a distância levou e que, não raras vezes, acordam numa imensa vaga de nostalgia que me acode. Falta-me aquela paleta de cores com que a Primavera pinta os nossos campos, as nossas montanhas. Falta-me o aroma dessa imensa variedade de flores campestres, dos seus néctares, o som dos insectos que as enxameiam...

Enfim, é uma pena que o dom da ubiquidade não seja, também, apanágio do comum dos mortais!

E, assim sendo, se quisermos ressaborear tudo isso, buscar essas fontes de deleite, teremos de sair da urbe, deixar esta selva de betão e demandar os campos, as montanhas, seus habitats de eleição.

Ora, foi para cumprir esse desiderato que, anteontem, Domingo, 10 de Maio, logo pela manhãzinha, nos levou a rumar ao maciço montanhoso da Serra da Gralheira, percorrendo-a desde a Freita ao S. Macário, fruindo dos seus maravilhosos recantos e encantos, do seu bucolismo em toda a sua beleza e esplendor.

O dia, aqui na região do Porto, acordou envolto numa neblina, desmentindo as auspiciosas previsões da meteorologia que apontavam para um dia de sol e de subida da temperatura do ar, condições ideais para o aprazado passeio e para os registos fotográficos que se pretendia. Talvez fosse passageira – pensámos –, há que arriscar, até porque a floração não dura sempre. Além do mais, estas neblinas matinais primaveris, di-lo a experiência, a maior parte das vezes circunscrevem-se a vales e zonas mais húmidas. Logo, seria muito provável que lá, nos picos da montanha, o céu estivesse limpo, como se desejava.

Mal iniciámos a subida da serra da Freita, de Chão de Ave para o Merujal, já o nevoeiro se dissipara. De lá do alto da Senhora da Lage, freguesia de Urrô, vislumbrava-se apenas ao longe alguns pequenos bancos de nevoeiro, nas zonas mais próximas do rio Douro. 




Com efeito, o dia estava óptimo para o passeio e havia que fruí-lo.

A primeira etapa teve como meta a famosa Cascata da Frecha da Mizarela, próximo de Albergaria da Serra, no rio Caima, um afluente do Vouga. 





Trata-se de uma queda de água com cerca de 75 metros de altura, em pleno planalto granítico da Serra da Freita, a cerca de 900 metros de altitude.

Logo ali a um passo, nas imediações do lugar da Castanheira, mais uma visita obrigatória ao raro fenómeno geológico, aliás, parece que único no mundo, que são as vulgarmente designadas “pedras parideiras”. 






Com efeito, trata-se pequenos nódulos de mica preta incrustados no granito e que por força da erosão deste, mais rápida do que a dos nódulos, faz com que estes acabem por ir permanecendo até se soltarem da “pedra-mãe”, a “parideira”, deixando em seu lugar pequenas concavidades.


A partir daqui, tirámos o azimute para terras sampedrenses e estabelecemos nova etapa até Manhouce, onde pretendíamos saborear a famosa vitela à moda da terra, já que ali chegaríamos a horas de almoço. 





Porém, vimos gorados os nossos intentos, já que, no que nos pareceu o restaurante mais moderno do lugar, nos foi dito que, ao Domingo, não se serviam refeições.

Bom, não havia “vitela à Manhouce”, mas talvez se conseguisse, na região, “vitela à Lafões”. 
E lá fomos até Campia, Vouzela, onde no bem conhecido Restaurante Sacristão, pejado de comensais, nos deliciámos com um excelente prato de vitela com batata assada em forno de lenha. Foram mais uns quilómetros fora da rota, mas valeu a pena.



E lá regressámos a Manhouce, para retomar a viagem rumo ao S. Macário. Atravessámos a aldeia da Coelheira, freguesia de Candal, São Pedro do Sul, em cujas imediações fomos surpreendidos por gado vacum à solta, a pastar, sem que alguém o guardasse, circulando livremente pela estrada, a fazer-nos lembrar a Peneda-Gerês. Razão tinha, creio que o poeta António Correia de Oliveira, quando disse que "Lafões é um pedaço de Minho perdido nas Beiras"!  

E lá fomos prosseguindo o nosso périplo pelo cume da montanha, pára aqui, pára acolá, para observação da natureza e as fotografias da praxe, e em marcha lenta para minimizar o impacto da nossa presença naquele éden, tentando reduzir ao mínimo as baixas na população apícola que, laboriosamente, se ocupava na recolha dos pólenes e néctares, troando os ares com o seu zumbido e que constantemente esbarrava contra o pára-brisas da nossa viatura.



























Perante tudo isto, uma enorme dúvida nos assaltou: qual será o impacto do movimento das gigantescas pás das enormíssimas torres eólicas na circulação das abelhas? Será que elas se conseguem furtar ao seu movimento? Bom seria que o conseguissem, mas…

E o sol ia declinando no horizonte. Urgia, pois, encetar o regresso a penates. Saciados de tanta beleza, de tantas cores, tantos aromas, tantos sons e alguns sabores, houve ainda tempo e ensejo para levar um abraço a uma amiga de infância, na freguesia de Sul, e para, juntos, passarmos um bom bocado em amena cavaqueira.


Porto, 12-05-2015

Miguel Henriques