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quarta-feira, 19 de julho de 2017

COLETÂNEA VALONGO 180 ANOS DE MEMÓRIAS



COLETÂNEA  VALONGO 180 ANOS DE MEMÓRIAS

     Decorreu no passado dia 15 de julho, pelas 21.30 horas, no Parque Urbano da Cidade de Ermesinde e no âmbito da Feira do Livro e das Artes de Valongo 2017, o lançamento da coletânea VALONGO 180 ANOS DE MEMÓRIAS, obra evocativa dos 180 anos da criação do concelho de Valongo. 

     Esta iniciativa, promovida pela autarquia valonguense, teve a colaboração da Associação Cuca Macuca, sendo que a obra é exclusivamente integrada por trabalhos de autores residentes no concelho de Valongo.

      Convidado para o efeito, nela participei com o conto ficcional O ENIGMA DAS PEDRAS GRAVADAS, que poderá ser lido infra.



(Momento da entrega de um exemplar da obra a cada um dos autores, entrega essa efetuada pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Valongo, Dr. José Manuel Ribeiro)



O ENIGMA DAS PEDRAS GRAVADAS

Florinda, uma jovem tecedeira de São Martinho do Campo, Valongo, a pisar os 20 anos, ficara um tanto ou quanto intrigada, ao deparar, logo pela manhãzinha, com uma pequena placa de lousa dependurada por um pedaço de arame a fazer de argola, na aldraba da porta de casa que dava para a rua. Um olhar um pouco mais atento deu para perceber que aquele caraterístico fundo preto da pedra continha, realçada a branco, a letra “A”. Olhou em redor, mas não vislumbrou ninguém. Pegou naquele misterioso pedaço de ardósia, de forma triangular, com sinais de ter sido cuidadosamente talhada por hábeis mãos humanas, e guardou-o numa das gavetas do guarda-louça da cozinha. Embora tivesse grande dificuldade quer na escrita quer na leitura, pois não a haviam deixado frequentar a escola o tempo suficiente, sempre se ia desenrascando naquilo que achava ser o quanto bastava para se fazer entender. Na verdade, os campos de linho das margens do rio Ferreira, que passava ali perto, constituíam matéria-prima mais do que suficiente para a ocupar, a si e à sua mãe, o tempo todo, tendo em vista satisfazer as encomendas que não cessavam de chegar ao velho tear da sua progenitora. Além do mais, o período crítico que o país atravessava, minado pela 2.ª Guerra Mundial ainda em curso, a fome, os racionamentos de tudo e mais alguma coisa, obrigavam a população a um esforço acrescido, no sentido de obviar às necessidades básicas dos lares. Daí que cedo tivesse sido arrancada aos bancos da escola. As exigências da vida e do trabalho, segundo os pais, reclamavam a sua contribuição para a economia doméstica.
No dia seguinte, novo pedaço de pedra, igualmente triangular, desta feita com a letra “M” gravada, apareceu suspenso da aldraba. Mais uma vez olhou em redor, mas do autor da proeza nem rasto.
— Mas quem raio é que andará aqui a dependurar estas pedras? — murmurou. — E o que é que pretenderá com isto? Bom, um “M” misterioso — será que quer dizer mesmo mistério?! —, para já, vai ali para a gaveta fazer companhia ao “A”.
Bom, e durante seis dias consecutivos, todas as manhãs, ao levantar, a bela jovem Florinda foi sendo surpreendida por uma nova pedra dependurada na aldraba, quase todas de formatos diferentes, mas contendo cada uma delas algo gravado, em regra, uma letra do alfabeto. Assim, ao terceiro dia, deparou com a letra “E”, ao quarto, com a “-T” e, ao quinto, com a “O”. Ao sexto… bem, ao sexto dia, um simples desenho: uma flor!
Durante uns tempos, a mente baralhada e expectante da jovem tecedeira não conseguiu dali retirar qualquer conclusão, até que, de tanto matutar e manusear aqueles estranhos pedaços de pedra, descobriu que eles encaixavam perfeitamente uns nos outros, fazendo um verdadeiro mosaico donde ressaltava a palavra “AMO-TE”.
— Esta agora! Mas quem é que resolveu brincar comigo? — interrogou-se, intrigada.
Não muito longe de sua casa, morava um rapaz, um pouco mais velho, pedreiro de profissão, e que, já por mais do que uma vez, surpreendera a rondar-lhe a casa.
— Será o Zíngaro o autor desta façanha? Até que o moço nem é de se deitar fora! Um pouco escuro, é certo, mas… pronto, é do trabalho — murmurou, com um ligeiro sorriso.
Virgolino, mais conhecido por Zíngaro, alcunha que lhe adviera daquela pele tisnada pelo sol que, diária e impiedosamente, lhe cauterizava a cútis, naquele mourejar, de sol a sol, na pedreira Milhária, sem outra proteção que não aquele velho chapéu de palha já meio carcomido pelo uso, há muito que andava com a bela Florinda debaixo de olho. Os seus vinte e dois anos, dez deles de árdua labuta, as mãos calejadas do constante empunhar da pá, da picareta, da marreta e do camartelo, seus principais instrumentos de trabalho, nunca lhe deram muito tempo para dedicar às coisas do coração. O pai arrastara-o para aquela pedreira, mal ele acabara de soletrar as primeiras letras e, com elas, a custo, construir o seu nome, nos bancos da escola. Aos doze anos, já o pai o acordava de manhã bem cedinho para o acompanhar nas escavações da pedreira, em busca das placas xistosas de melhor calibre e consistência para os diversos fins que constituíam o objeto comercial da famosa e antiquíssima Empresa das Lousas de Valongo. Era ali, na Milhária, que ganhavam o seu pão-nosso-de-cada-dia; o seu e o dos restantes elementos do agregado familiar composto, igualmente, pela mãe e mais dois irmãozitos, um deles praticamente ainda mal gatinhava.
À medida que o tempo passava e ele se começava a aperceber de que, apesar de andar ainda na casa dos cinquenta anos, o seu pai dava já sinais notórios de sofrer dos pulmões, tantos haviam sido os anos exposto àquelas poeiras criminosas, mais ele sentia necessidade de se esforçar, pois várias bocas dependiam cada vez mais de si, do seu empenho, do seu trabalho. Além disso, mais tarde ou mais cedo, teria de seguir as pisadas dos seus ancestrais e constituir a sua própria família, pelo que, há algum tempo, vinha amealhando umas migalhazitas do seu parco ordenado e que lhe vinham sobrando daquilo que considerava, no seu dia-a-dia, essencial à sua subsistência.
Aos domingos, lavado e asseado, calçando aquelas botas de couro encomendadas ao Joel “Sapateiro”, seu vizinho, que lhe haviam custado os olhos da cara, como bom católico que se orgulhava de ser, lá ia até à igreja paroquial cumprir os rituais impostos pela sua religião, detendo-se, no final, tal como os outros rapazes, a observar as raparigas à saída da missa. A observar as raparigas, que é como quem diz, a observar a Florinda, mas sem coragem de lhe falar, tal o receio de vir a ser rejeitado na primeira abordagem que há muito ansiava… e ensaiava. Aquele rosto angelical da rapariga, ebúrneo, uma espécie de flor de estufa a quem os raios de sol parecia nunca terem sequer tocado, contrastava diametralmente com a sua tez morena, dando-lhe, a ele, obviamente, um certo ar de sem-abrigo. E isso vinha gerando no seu íntimo algum complexo, a par das mãos calejadas, rudes, marcas infligidas pela dureza daquele incessante mourejar, empunhando dos cabos das ferramentas.
Decidiu, então, sub-repticiamente, fazer aquele enigma das pedras gravadas como forma de se declarar. E foi, então, que, no segundo domingo seguinte, após a missa, já no exterior do templo, mais concretamente no adro da igreja, notando que Florinda, a sua bela e perfumada “Flor” que tanto o inebriava, a sua musa inspiradora, de olhar sorridente, fitava os olhos em si, arriscou:
— Então, Florinda, já descobriste o mistério das pedras gravadas?
— Ah! Eu bem desconfiava que só poderias ser tu! Levou algum tempo, Virgolino, mas consegui! O mistério das pedras e o do seu misterioso autor! — respondeu, com os olhos marejados de ternura.
— E não precisaste de recorrer à ajuda de ninguém?
— Não, a não ser à do meu próprio coração, Virgolino! O que achas?
— E, então, não tens nada para me dizer, Flor?
— Tenho. Anda cá! Chega-te aqui, dá cá o teu ouvido!
E, ternamente, sussurrou-lhe a palavra que ele mais queria ouvir, assim, num ápice, sem pedras nem puzzles, mas construindo com ele um belíssimo mosaico de emoções, estreitando-se ambos num longo e enternecedor abraço.
E os dias iam correndo de feição aos jovens enamorados que, nos locais mais recônditos dos caminhos por onde passeavam, iam trocando algumas carícias furtivas, ligeiras, que, habitualmente, não passavam de um simples entrelaçar dos dedos das mãos e um ou outro abraço mais ou menos apertado, mas sempre fugaz. O pudor não lhes consentia ir mais além nas suas efusões amorosas, pese embora vontade lhes não faltasse. Especialmente a ele, um barril de testosterona a ameaçar rebentar-lhe as aduelas. Mas isso ficaria reservado para o casamento. Era tradição e ponto assente… em princípio!
— Ouve lá, rapariga, não consegues arranjar coisa melhor? O rapaz até parece ser honesto e trabalhador, mas… assim, tisnado pelo sol, com aquele ar de vagabundo sem eira nem beira… — observou-lhe o pai, num dia em que acabara de os surpreender juntos.
— Mas, pai, aquilo é do trabalho, não é de andar por aí a vagabundar! Olhe que é uma pessoa honrada, séria e honesta! — replicou a donzela, apaixonada.
Apesar de Florinda lhe ter omitido o incidente, a verdade é que o jovem pedreiro vinha notando uma certa acrimónia da parte dos pais, particularmente desde que lhes constara que a sua filha começara a namorar consigo.
— Sabes, Flor, tenho notado que os teus pais, desde que começámos a namorar, me passaram a olhar um pouco de esguelha. Ao que parece, não lhes agrada a ideia de um dia me virem a ter como genro!
— Não dês importância a isso, Virgolino! Vais ver que, com o tempo, eles se irão habituar à ideia! Precisavas era de mudar de emprego, talvez arranjares um em que não andasses tão exposto ao sol, em que não desses tanto cabo da tua saúde.
— Ao sol, à chuva e àquelas poeiras criminosas, para já não falar do barulho que quase me traz meio surdo. Infelizmente, tenho lá em casa um bom exemplo do que aquele tipo de trabalho provoca em quem dele vive. Nem imaginas como o meu pai já tem os pulmões, à custa daquela maldita silicose! Completamente arruinados!
— Pois, tens mesmo de pensar nisso e, se puderes, safares-te enquanto é tempo.
— Já pensei nisso, já, mas… só se for numa padaria: trabalhar de noite e dormir de dia. Sempre faz menos calos e se está mais protegido das intempéries.
— Olha, não seria má ideia! Porque não tentares?
No dia seguinte, após uma noite de insónias em que pela sua mente viu desfilar todo o cortejo de padarias existentes em Valongo, Virgolino decidiu ir bater à porta da Irmãos Moreira, uma empresa sólida, bem implantada no mercado, oferecendo-lhe os seus préstimos.
Olhando para as sua credenciais — as mãos fortemente calejadas —, o respetivo sócio-gerente, até porque precisava de alguém com alguma robustez física capaz de acarretar lenha para aquecer os vetustos fornos de pedra, para além de ter de carregar aos ombros as pesadas taleigas de farinha moída nos moinhos hidráulicos instalados nas margens do rio Ferreira, de e para o lombo dos jumentos que a padaria tinha ao seu serviço, não hesitou em contratar o rapaz.
Com efeito, alguns dias depois, mais precisamente no início do mês seguinte, Virgolino passava a trabalhar na padaria, abandonando definitivamente a pá, a picareta, a marreta, os guilhos e o camartelo, na Milhária.
Com o decorrer do tempo, o novel empregado passou até a dar uma mãozinha na preparação da massa para a confeção dos pães, os famosos moletes, das regueifas e dos biscoitos, uma das especialidades da casa, fazendo com que a sua tez morena se fosse perdendo, retomando, a pouco e pouco, a sua natural tonalidade que era, obviamente, um pouco mais clara. E com isto, os pais de Florinda passaram a vê-lo com outros olhos, deixando de atazanar o toutiço à filha, o que foi dando azo a que os encontros entre o casal de enamorados deixassem de ter lugar um tanto ou quanto clandestinamente, na semiobscuridade, para passarem a ocorrer às claras, embora com natural recato, como era habitual na região.
— E tu, Flor, estás a pensar ser tecedeira para o resto da vida?
— Sei lá, Virgolino! Tem sido tradição lá da casa.
— De facto, o linho até é bonito. Especialmente quando está em flor. Bem vejo aqueles campos, junto ao rio: tudo plano, azulinho… É mesmo lindo!
— Pois é, mas não sei se imaginas o trabalho que dá! É preciso mondá-lo, para que não cresçam entre ele ervas daninhas; depois, quando já estiver criado, tem de ser arrancado à mão, para separar algumas dessas ervas que tenham ficado, atá-lo em pequenos feixes para, depois de posto a secar, ser ripado...
— O que é isso de ser ripado?
— Ser ripado é, numa eira ou sobre uns toldos, fazê-lo passar por um ripanço, para separar as folhas e as cápsulas, aquelas cabecinhas com uns piquinhos, que contêm as sementes, a linhaça. Picam que se fartam! Depois, apenas esses molhinhos de caules são mergulhados na água, durante uns dias, após o que são retirados e postos a secar. Uma vez bem secos, são malhados, amassados e espadelados, para ficar apenas a fibra que ainda há de passar pelo sedeiro, antes de ser fiado, enovelado, enfim… É um processo muito longo, com imensas fases. Olha, dá imenso trabalho — acho que não fazes a menor ideia! —, até chegar ao tear e daí às nossas camas, especialmente aos lençóis que dele são feitos.
— Pois, já vi que sim. Por acaso, não gostarias de vir trabalhar comigo? Sempre estaríamos mais próximos um do outro, partilharíamos as tarefas e, quem sabe, até, um dia, possamos vir a montar uma padaria!
— Olha, fala lá ao teu patrão, que eu tentarei convencer os meus pais! Não me parece que eles o consintam, facilmente.
A indústria de panificação estava em franco florescimento e a carecer de mão de obra, pelo que, obtido o consentimento paterno, não foi difícil a Florinda o seu ingresso na Irmãos Moreira, de quem já era, aliás, suficientemente conhecida e reconhecida como pessoa trabalhadora, competente e dotada de um elevado sentido de responsabilidade.
Enquanto Virgolino moía o grão e aquecia o forno, Florinda amassava o pão. Digamos que se complementavam, uma verdadeira simbiose. Bons augúrios para um futuro próspero que tanto ambicionavam e, obviamente, mereciam.
Era verão, uma daquelas noites de céu limpo, a lua redonda, cheia, qual espelho refletindo a luz do sol, parecia convidar os amantes ao devaneio, ao culto do amor. Virgolino, como habitualmente, tinha de ir ao moinho abastecê-lo de grão, verificar se tudo estava a funcionar bem, não fossem por lá as mós estar a moer em vão ou, pelo contrário, enlodadas, e recolher a farinha que já houvesse sido produzida. Não resistiu a convidar Florinda, que nessa noite estava disponível, a acompanhá-lo. E ela, tomada pelo mesmo enlevo, não hesitou em compartilhar aquela oportunidade de fruir a magia daquele momento a sós, longe dos olhares alheios.
Montados cada um em seu jumento, lá rumaram à azenha. Florinda, qual amazonas, cabelo solto ao vento, a saia subida por força duma melhor acomodação sobre a sela, exibindo as suas pudicas, alvas coxas, visão que não escapava ao olhar guloso do companheiro, ia soltando gritinhos estridentes, com receio de cair, firme e desesperadamente agarrada às rédeas da besta. E Virgolino, a seu lado, inspirando-lhe apoio e confiança, completamente inebriado, orgulhoso pela visão que em exclusivo lhe era oferecida, já não cavalgava, mas sentia-se voar nas asas do desejo que a libido lhe inflamara.
Chegados à azenha, Virgolino apeou-se e ajudou-a a descer da montada, segurando-a pelas axilas. Sem que a largasse, ao pousá-la no chão, puxou-a para si, abraçou-a fortemente e procurou-lhe com inusitada sofreguidão os lábios. Florinda não esboçou sequer uma tentativa de resistir àquela sedução. Deixou-se mergulhar naquele enlevo banhado de luar, ao som do marulhar das águas do rio e do canto das cigarras que povoavam os amieiros, tombando juntos, entrelaçados, na relva que crescia junto à margem.
— Como foi tão delicioso desfolhar as tuas pétalas, Flor! Sentir-lhes o aroma! Que maravilhosa sensação, meu amor!
— Espero não te ter desiludido, querido! Sabes, é a minha falta de experiência! Não sei como me saí!
— Olha, nesse aspeto, estamos em igualdade de circunstâncias. Sinceramente, não estou em condições de comparar. Mas lá que foi bom… ou melhor, maravilhoso…
— Oh, meu amor! Quer dizer, então, que ambos…?!
— Sim, desfolhei-te, Flor! Que orgulho!
— E eu, afinal, também tive a honra de… Bom, a partir de agora e, definitivamente, passas a ser apenas o Lino. Assim mesmo, sem virgo, estás a perceber? Pois é, meu menino, essa já era! Hmm, que bom! — e não resistiu a soltar uma sonora gargalhada.
— Calma, Flor! Ainda alguém te ouve e nos estraga o festim! Espero não te ter dececionado. Com tanta pressa, assim a modos que à foge que te agarro… a fomeca era tanta, e no desconforto deste colchão de relva mal aparada…
— Olha, Lino, foi mesmo uma rapidinha, mas lá que foi bom, disso não tenhas dúvidas! Provavelmente, com o tempo aperfeiçoaremos a técnica e a coisa irá ser cada vez melhor.
— Sim, e certamente em melhores condições, a qualquer hora do dia ou da noite, no aconchego do nosso lar, onde não corremos o risco de ser perturbados por quem ou pelo que quer que seja.
— O que é preciso é que o amor não falte, não é, meu querido? — observou Florinda, sensual, agarrando-se-lhe ao pescoço e pespegando-lhe um valente beijo nos lábios, que quase o sufocava.
— Ora, nem mais! Vamos é tratar disso o quanto antes!
Alguns meses se passaram e o casamento foi finalmente aprazado, para gáudio dos noivos e seus familiares e amigos.
Escassos anos mais tarde, mercê da experiência e dos conhecimentos entretanto adquiridos no ramo, ao serviço da entidade patronal, e já com um rebento nos braços, acabaram por se despedir da Irmãos Moreira, estabelecendo-se por conta própria, desta vez, em Ermesinde, com uma pequena, mas inovadora, biscoitaria, a Flor de Jasmim, lançando, assim, os alicerces de um futuro que se veio a revelar sólido e deveras auspicioso para o casal que as enigmáticas pedras da Milhária vieram a apadrinhar.

Autor:
Miguel Henriques