À MINHA MÃE
Mãe, mãe querida,
foste tu que me deste a vida
e, apaixonadamente,
para ela me criaste;
desde que, num momento solene,
de amor, de ternura, de desejo,
em ter um filho sonhaste!
Filho este
que em teu ventre virgem,
como um sonho sagrado,
concebeste!
Mãe, mãe querida,
quantas noites
sem dormir passaste,
após dias e dias de canseira,
de trabalho árduo,
roubando ao teu corpo,
à tua saúde,
o descanso de que tanto careciam,
para, num velar constante,
com tuas mãos calejadas
— mas suaves! —
me acariciares
e me embalares.
Mãe, mãe querida,
perdoa-me pelo mal feito
e bem que não fiz!
Perdoa-me pelas lágrimas
que te fiz verter
e dores que te fiz sofrer!
Perdoa-me pelo perdão que me dás
sem tão pouco eu o merecer!
Mãe, mãe querida,
obrigado pela vida que me deste;
pelo muito mais que quererias dar
e não pudeste!
Obrigado por tanto amor
que me tens!
Obrigado por ti
e por mim.
Obrigado por tudo, enfim...
Obrigado,
obrigado, querida mãe!
In HENRIQUES, Miguel, PARA LÁ DAS NUVEN HÁ LUAR, Porto, Mosaico de Palavras, L.da, 2015